Essa semana nós fomos na palestra sobre prevenção de violência sexual contra crianças organizada em Zurique pelo Grupo Mamães na Suíça e o CEBRAC, com o apoio do blog mamisabroad. A apresentação fez parte de um projeto elaborado pelo Grupo Mamães na Suíça, apoiado pelo Consulado Geral de Zurique.
A palestra foi ministrada pela psicóloga Talitha Widmer, que há 20 anos trabalha dando apoio à pessoas que sofrem de violência doméstica. Em clima de descontração Talitha conseguiu abordar esse tema bastante sério e delicado, promovendo um interessante bate-papo entre os presentes. A ideia não foi alarmar as participantes, em sua maioria mães ou profissionais que trabalham com crianças, mas sim alertá-las sobre os riscos e sinais de abuso sexual e prepará-las para evitar possíveis casos e reagir de forma adequada, se necessário.
Foi chocante perceber que passamos grande parte do nosso tempo tentando proteger nossos filhos da abordagem de pessoas estranhas, quando na realidade a maioria dos casos de abuso (cerca de 70%) acontecem dentro do círculo familiar ou meio social próximo. Olhamos para fora o tempo todo, quando deveríamos olhar para dentro também.
Uma mensagem super importante que pudemos levar conosco da palestra foi a importância do diálogo aberto com os filhos, começando desde bem cedo. Falar sobre diversos temas, incluindo sexualidade, de forma natural e adequada para a idade deles, pode ajudar muito as crianças a se desenvolverem de forma saudável e saberem respeitar seus corpos e vontades. Dessa forma fica mais fácil eles exigirem esse respeito de outras pessoas também.
Como pais e adultos nossa responsabilidade é proteger as crianças. Mas mais ainda, temos o dever de prepará-los para que eles possam se defender sozinhos. E fortalecê-los e ajudá-los a construir uma auto-estima saudável é o primeiro passo.
Educar filhos não é fácil e é um aprendizado constante. Mas é também um convite irrecusável para reavaliarmos nossa história de vida, a educação que recebemos de nossos pais, nossos valores, ideias e tabus. E especialmente pensarmos em como gostaríamos de passar essa herança para nossos filhos.
Aqui vão algumas dicas de locais para buscar ajuda especializada ou mais informações (maioria Zurique ou região):
- Nottelefon für Frauen – Beratungsstelle gegen Sexuelle Gewalt: 044 291 4646
- Frauen Nottelefon – Beratunsstelle für gewaltbetroffene Frauen: 052 213 6161
- Castagna – furs sexuell ausgebeutete Kinder, weibliche Jungendliche und in der Kindheit ausgebeutete Frauen
- Mädchenhaus Zürich – Wohnraum für Mädchen und junge Frauen
- Fraueninformationszentrum Fiz
- Frauenhaus und Beratungstelle Zürcher Oberland – 044 994 4094
- Limita Zürich – Fachstelle zur Prävention sexueller Ausbeutung von Mädchen und Jungen
- Frauenhaus Winthertur
- Frauenhaus Zürich
- Violetta – Wohngemeischeft für gewaltbedrohte Migrantinnen
- BIF – Beratungs- und Informationsstelle für Frauen gegen Gewalt in Ehre und Partnerschaft
E para todos os interessados, inclusive quem mora no Brasil vale a pena dar uma lida nesse folheto preparado pela Limita, com informações importantes para pais e educadores.
Não perca a próxima palestra organizada pelo Grupo Mamães na Suíça e CEBRAC, com apoio do Consulado Geral do Brasil em Zurique e blog mamisabroad.com:
Como garantir que as crianças bilingues se desenvolvam de forma adequada?
12 de novembro, 19h, no CEBRAC
Palestrante: Fabiola Dueri Sonderegger, Psicóloga com especialidade em psicologia clínica.
Palestra em espanhol.
Gostaria de parabenizar a iniciativa do Grupo Mamães na Suíça e do CEBRAC por oferecerem uma palestra tão informativa e importante, e à psicóloga Thalita Widmer por abordar um tema delicado como este com tanta seriedade e competência. Através das informações passadas pela Thalita foi possível aos presentes constatar o quão importante é para nós, mães, pais e educadores, nos reeducarmos para abordar o tema da sexualidade com as crianças da forma mais natural possível. O mesmo no que diz respeito à formação de crianças auto-confiantes e fortes, que respeitem a própria intuição e sejam conscientes de seus próprios sentimentos. Devemos dar às crianças instrumentos para saber agir, dizer não, não apenas em casos de abuso, mas em qualquer situação de conflito que exija sua auto-defesa. Todos estes aspectos, além da criação de uma esfera de confiança entre criança e adulto, na qual ela se sinta totalmente a vontade para falar abertamente sobre qualquer tema, podem ajudar a prevenir atos de abuso sexual contra crianças e adolescentes, ou na ação imediata em casos já ocorridos.
Eu, como mãe e como profissional dedicada à infância, me sinto profundamente enriquecida pela palestra.
Comprei alguns dos livros indicados em uma lista da LIMITA, citada no artigo, e posso indicar um deles: “Ich und meine Gefühle” (“Eu e meus sentimentos”), de Holde Kreul, Editora Loewe Verlag (ISBN 978-3-7855-7293-1). Apesar de ser indicado para as crianças a partir de 5 anos, minha filha de três anos e meio se interessou e compreendeu bem o conteúdo. O livro nos convida para o diálogo sobre as emoções através de exemplos da vida cotidiana da criança, procurando encorajá-la a se confrontar com seus sentimentos, reconhecê-los e saber reagir a eles. O livro não passa diretamente pela questão do abuso, mas fortalece a auto-estima da criança no caminho de um respeito a si mesma.
Um abraço, meninas, e, novamente, muito obrigada!
Andrea obrigada pelo comentário e por seu posicionamento enquanto mãe e educadora num assunto tão importante, mas ainda um tabu para muitos.
E muito obrigada pela indicação da lista mais completa de livros , vamos publica-la e gostaria muito se voce pudesse levar esse livro no próximo encontro, quem sabe não façamos uma roda de leitura?
beijos
Rita