Nossa busca pela creche “perfeita”
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Nossa busca pela creche “perfeita”

21 mar 2017

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Para pais que vão continuar trabalhando após o nascimento dos filhos fica sempre a decisão difícil de como fazer com as crianças. Para o meu marido e eu era óbvio: Kinderkrippe (creche). Meus pais moram no Brasil e como meu sogro é viúvo e mora em outra cidade nós achamos que seria muito pesado para ele ficar com a Isa uma ou duas vezes por semana. Ele faz babysitting para a gente sempre que precisamos, mas não gostamos de abusar. Sábado mesmo levamos as crianças para a casa dele para curtirmos um cineminha e jantar, mas não queríamos contar com isso para eu permanecer no mercado de trabalho.

Além disso, nós sempre achamos que nossos filhos iriam se beneficiar muito com a convivência diária com outras crianças em uma creche, com horários regulares, rotina, regras e outros cuidadores. Na nossa opinião só teriam a ganhar em habilidades sociais. Por isso optamos por creche (Kinderkrippe) ao invés de outros modelos como Tagesmutter. Imagino que quem encontra uma pessoa em quem confie bastante, a experiência com Tagesmutter seja muito boa. Mas nós ficamos com receio de colocar nossos filhos dentro da rotina de outra família. Em uma creche achamos tudo mais neutro, com padrões de qualidade, metodologia etc. Sem falar que no caso de uma das cuidadoras ficarem doentes teríamos o backup de outras, o que não aconteceria no caso da Tagesmutter viajar ou adoecer. Bem, esse foi o nosso pensamento, mas para cada família funciona de forma diferente.

Mas decidir procurar uma creche é apenas o começo. Morávamos em Zurique quando engravidei da Isa e tivemos que registrá-la ainda sem nome – no meu terceiro mês de gravidez – para garantir a vaga. Escrevemos para seis creches e apenas três responderam. Uma estava lotada. Fomos visitar a segunda e fiquei em choque. A sala para os bebês era no porão da creche e meio isolada. A sala tinha sim janela, mas bem pequena. O pior mesmo foi uma mesinha com computador no meio da sala, onde mesmo na hora da visita uma das cuidadoras estava usando enquanto um bebezinho engatinhava próximo ao pé da mesa. Fiquei com a impressão de que elas ficariam o dia todo no facebook ao invés de fazer atividades com as crianças.

A terceira creche que respondeu era exatamente a que queríamos desde o início. Demos sorte. Muita sorte mesmo. Eles têm uma infraestrutura ótima, espaços claros e bem montados, equipe profissional, rotina definida, conceito pedagógico. Me convenceu na hora.

Primeira creche – Amor a primeira vista

A Isa começou sua adaptação aos quatro meses de idade. Tão pequenininha… Eu queria muito voltar a trabalhar e meu objetivo era retornar gradualmente aos 100%. Então o combinado era ela ficar três dias por semana no começo, depois quatro e subir para cinco dias. Voltei ao trabalho como planejado, mas uma semana depois decidi que não conseguiria e nem queria naquele momento voltar em período integral e tive o privilégio de poder mudar minha decisão.

Cada creche funciona de uma forma diferente. Algumas têm grupo para bebês, outras misturam um pouco as idades ou ainda fazem um sistema de apadrinhamento, em que os maiorzinhos ajudam e ensinam os menores. Mas de qualquer maneira existem algumas normas com relação à segurança, metragem mínima das salas, quantidade máxima de crianças para cada cuidadora dependendo da faixa etária etc.

Nessa creche os grupos dos pequenininhos (de 3 a 18 meses) têm no máximo 6 bebês com três cuidadoras. Os grupos dos maiores (18 meses até 5 anos) aceitam até 12 crianças. Eles desenvolvem ao longo do ano diversos projetos, como a semana da pirâmide alimentar, em que as crianças provavam diferentes alimentos, semana das frutas exóticas, estações do ano, projetos dos sentidos etc. Sem falar nos acampamentos para crianças a partir dos três anos. ISSO MESMO!! A Isa participou duas vezes. O máximo!! (clique aqui para ler o post)

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Ainda pequenininha comemorando o dia do Indio

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Cada criança com seu animalzinho de identificação – cada coizinha no seu lugar!

A experiência que tivemos com essa creche foi excelente, o que nos deixou muito felizes durante os mais de quatro anos em que a Isabella esteve por lá e os primeiros anos do Fabrício. Mas também colocou nossas expectativas muito altas, o que trouxe um super descontentamento quando nos mudamos de cantão e tivemos que matricular as crianças em um creche que odiamos.

Segunda creche – arrependimento

Já no novo endereço optamos por uma creche próxima à nossa nova casa. E me arrependo muito. Eu tive uma sensação ruim quando entrei nessa creche pela primeira vez e devia ter seguido meus instintos. Mas não o fiz. Logo na primeira semana lá o Fabrício escorregou em um tapete que não tinha proteção anti-derrapante, bateu a cabeça no canto de um móvel e levou cinco pontos na região da sobrancelha. Cicatriz que ele levará no rosto para a vida toda e eu no meu coração. Acidentes podem acontecer em qualquer lugar, mas é muito importante a forma como a equipe lida com o ocorrido. E a reação da dona da creche foi a pior possível: muito impessoal, fraca e nada profissional. Cheguei até a acionar a secretaria social da minha Geimeinde. Fui informada (pasmem!!) que até então eles controlavam somente o esquema pedagógico das creches, mas não era feito um controle de segurança. Após o acidente soube que tiveram uma reunião e decidiram questionar mais a segurança das creches. Tarde demais para nós.

Bem, meus filhos permaneceram lá por mais de ano ainda. Nem me perguntem a razão. Acho que fui na inércia ou me conformei pois eles gostavam muito das líderes dos seus respectivos grupos. Então quando elas pediram demissão não vimos mais razão para mantêm-los por lá. Eram muitos aspectos negativos: a localização desprivilegiada, a falta de rotina definida – eles não passeavam todos os dias com a criança como a outra creche, onde os grupos andavam por mais de 30 minutos, pegavam até tram, ônibus etc. Minha filha reclamava que a cuidadora as vezes falava que ela não podia repetir o lanchinho e chegou a pegar firme no braço dela pois ele cutucou o nariz. Sem falar que não haviam projetos e a comunicação era toda por e-mail (talvez a dona tenha ficado com medo de mim depois do acidente do Fabrício). Enfim, somente sinais negativos.

Então resolvemos (finalmente) mudar de creche. E hoje estamos em paz novamente com nossos corações.

Terceira creche – finalmente em paz

Adoramos a atual creche da Isabella e do Fabrício. É um pouquinho mais longe e precisamos ficar na lista de espera, mas valeu a pena. O espaço físico deles é muito bom, em um prédio tombado mega charmoso. É tudo meio velhinho, mas bem montado. A equipe é super profissional e trabalha com muito carinho e dedicação. Eles desenvolvem diversas atividades interessantes com as crianças e muitos projetos. O jardim que eles têm é bem legal e todos os dias as crianças fazem passeios ao ar livre, independentemente do tempo – uma bênção para mim, que me escondo em casa ao menor sinal de chuva… kkk.

As crianças estão super felizes e nós também. Muito legal também é que eles têm também Hort, que cuida de crianças acima dos 5 anos e em idade escolar. Isso significa que a Isa poderá continuar por lá a partir de agosto, quando começar na escola.

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Comemorando o Fasnacht na nova creche

… Como vocês puderam ler eu passei por três experiências bastante diferentes e ouvi dezenas de outras. Isso é muito individual. Cada mãe, pai, família, tem suas exigências, expectativas e limites. As duas creches que gostamos muito também não eram perfeitas. Nenhum lugar é. Mas é muito importante a comunicação aberta e gentil com os pais, o carinho com as crianças e a forma como a equipe reage quando existe uma dificuldade. Pena é que na maioria dos casos só conhecemos a reação depois que algo acontece. E pode ser tarde demais. O que nos resta portanto é conversar muito, tentar indicação, visitar o local, observar tudo com atenção. E seguir a intuição. Sei que é difícil, quando a oferta é tão escassa e muitas vezes nos vemos sem opção. Mas nesse caso talvez seja melhor procurar por um lugar um pouco mais distante ou mesmo outra possível solução, como Spielgruppe por algumas horas apenas ou Tagesmutter.

Boa sorte na busca pela sua “creche perfeita”.

Um abraço com carinho,
Grazi

***Quer ler mais sobre creches na Suíça? Clique aqui e leia um post de contribuição da nossa querida amiga Dirlene.***

 

Com carinho, Grazi
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2 comentários
  1. Sofia
    22 mar 2017

    Obrigada pelo seu texto, estou grávida de 4 meses e tenho a mesma convicção. Vou começar a procurar uma creche para o meu bebê.

    Felicidades
    Sofia

    • Olá Sofia, atualmente moro em outro cantão e apesar de menos opções me parece que as creches não são tão lotadas como em Zurique. Mas para garantir uma vaga melhor sim procurar antes. Assim você também pode tentar o lugar que te agrada mais. Boa sorte!! 🙂